Educação Permanente:
‍Saúde e Educação em uma Perspectiva Integradora

Aprendizagem significativa

Aprendizagem significativa é uma expressão que semanticamente possui vários significados.

Como conceito em processos educativos vamos abordá-lo a partir da contribuição de dois autores – David Ausubel, bastante utilizado na proposta da educação permanente em saúde (EPS), e Paulo Freire, que por caminhos diferentes se opõe também a uma educação desprovida de sentidos para quem aprende.

David Ausubel formula teoria de base cognitivista na qual a aprendizagem significativa é aquela em que ideias expressas simbolicamente interagem de maneira substantiva e não-arbitrária com aquilo que o aprendiz já sabe. Substantiva quer dizer não literal, não ao pé-da-letra, e não arbitrária significa que a interação não é com qualquer ideia prévia, mas sim com algum conhecimento especificamente relevante já existente na estrutura cognitiva do sujeito que aprende.

Tanto por recepção como por descobrimento, a atribuição de significados a novos conhecimentos depende da existência de conhecimentos prévios especificamente relevantes e da interação com eles. Nesse processo, os novos conhecimentos adquirem significado para o sujeito e os conhecimentos prévios adquirem novos significados ou maior estabilidade cognitiva.

Paulo Freire elabora uma teoria filosófica educacional, na qual aprender significativamente se orienta a partir de uma reflexão crítica e problematizadora da realidade, em um processo humanizante, social, político, ético, histórico e cultural, que reconhece que a educação sozinha não transformará o mundo e seus agravos, mas que pode contribuir para torná-lo melhor

Assim como a mudança não está apenas no sujeito, mas também nas condições estruturais que o formam e o deformam. Educar é um ato político e dialógico, compartilhado, em uma perspectiva libertadora, considera o aprender uma aventura criadora, na qual ambos, educador e educando, são epistemologicamente curiosos e aprendem conjuntamente, por meio do diálogo.

O conhecimento do educando é ponto de partida no processo educativo. A compreensão de que ele é um ser social e político, sujeito de sua própria história, capaz de se reconhecer e ao contexto em que se insere, para que dessa forma possa intervir sobre o mesmo.

Além dos aspectos cognitivos é fundamental considerar nos processos de aprendizagem uma abordagem crítica e dialógica que contribua para a emancipação de homens e mulheres, no sentido de que podemos ser sempre melhores. Essa perspectiva exige um estranhamento acerca do que está dado, das relações de poder, de dominação e opressão, muitas vezes naturalizada nas relações sociais, e que produzem inúmeras injustiças e iniquidades. Exige compreensão da história de vida dos sujeitos e perspectiva crítica das dimensões política, econômica, cultural e social na compreensão do que somos e fazemos, além de abertura para o diálogo e negociações.

Por isso podemos compreender a aprendizagem significativa, quando o que se aprende faz sentido para quem aprende, ou seja, quando novos saberes/conhecimentos, valores, emoções, atitudes e habilidades conectam-se à rede de significados que cada um já traz. Essa rede também é influenciada e construída pelos aspectos econômicos, políticos, sociais e culturais, ampliando-a, expandindo-a, possibilitando outras conexões e novos sentidos que possam nos tornar mais humanos em nossa humanidade, mais conscientes do nosso papel no mundo, e mais críticos e criativos em nossas intervenções nos processos de trabalho na educação e na saúde.