Unidade de Aprendizagem IV
Cuidado e atenção à saúde da pessoa idosa: da promoção à reabilitação
Módulo 15 – Bases da avaliação multidimensional da pessoa idosa e plano de cuidados
Agora, veja o caso de Celina.
Cena 12 - Celina cuida de sua tia Rosa
Celina pensa no encontro que teve com os antigos colegas de turma... Adorou tê-los revisto e já está ansiosa diante da possibilidade de encontrá-los novamente. Está especialmente animada com a ideia do baile. Entretanto, pensa que precisa se organizar melhor, pois assumiu junto ao Ministério Público (MP) a responsabilidade do gerenciamento do cuidado de sua tia Rosa, que sofre da doença de Parkinson. Relembra como tudo começou...
Dona Rosa não se casou cedo. Aos 40 anos de idade conheceu Sr. Francisco, viúvo e com duas filhas adolescentes, com quem passou a viver na casa que ela herdara de seus pais. Apesar de o relacionamento com as meninas não ser dos melhores, o casal viveu com certa tranquilidade por um tempo, até que o companheiro, influenciado pelas filhas, mudou totalmente de atitude. Francisco passou a impedir que Rosa fizesse ou tivesse qualquer coisa que lhe trouxesse prazer e alegria, inclusive a afastando do convívio com familiares e amigos, o que persistiu até a morte dele após mais de 30 anos de convivência. Após a morte do pai, as enteadas de Rosa se apossaram de seus documentos, cartões de banco e até de sua casa, deixando-a sem qualquer forma de subsistência. Rosa foi acolhida por vizinhos, que fizeram denúncia ao Ministério Público.
Por ser o parente mais próximo, Celina foi contatada pela assistente social do MP para discutir o caso de Rosa, que já recuperara seus documentos e sua casa por conta da atuação do próprio MP.
Rosa tinha queixas de alterações em seu funcionamento diário, reclamava de que os movimentos estavam difíceis e a impediam de fazer certas tarefas do dia a dia. Não conseguia abotoar suas roupas e estava com problemas de equilíbrio. Os vizinhos que a acolheram relatavam episódios de esquecimento e distração.
Celina passou a assumir o gerenciamento do cuidado de sua tia. Buscou a unidade de saúde próxima, onde confirmou que apesar de estar cadastrada na ESF de referência, Rosa não comparecia às consultas marcadas há muito tempo.
Foi feita nova visita pela ACS Joana que utilizou a Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa para melhor conhecer o estado de saúde de Rosa, suas condições sociais e de moradia. Durante o preenchimento da Caderneta, a ACS observou relato de quedas, cognição e humor alterados. Presença de risco social e de fragilidade (VES 13 = 8 pontos).
Após esta entrevista a ACS retornou a sua unidade e discutiu o caso com a equipe. Foram avaliados os resultados da Caderneta e visto que Rosa já apresentava declínio em sua funcionalidade, relato de quedas, risco ambiental e social. Observaram, então, a necessidade de marcar uma consulta para uma avaliação multidimensional mais aprofundada.
Rosa comparece à consulta acompanhada de sua sobrinha Celina.
Foi observado através da Avaliação Multidimensional Rápida da Pessoa Idosa: alterações nutricionais; dificuldade na realização de Atividade de Vida Diária (AVD), lentidão na realização de movimentos, dificuldade na marcha, presença de tremor em repouso, presença de déficit cognitivo, alteração de humor, entre outras questões clínicas. A equipe decide pelo encaminhamento para neurologista para confirmação diagnóstica da doença de Parkinson e orienta Celina sobre os riscos de a idosa morar sozinha.
Celina percebeu a necessidade de ter uma pessoa acompanhando Rosa em casa, pois o apartamento onde morava era pequeno e não tinha condições de levá-la para morar com ela. Além disso, após o casamento dos filhos e da morte do marido já se acostumara a morar sozinha. Não queria descuidar da tia, mas também não gostaria de abrir mão de sua própria liberdade.
Após a consulta com o neurologista, o diagnóstico da doença de Parkinson foi confirmado. Rosa continuou a ser acompanhada por sua equipe de referência na atenção básica e também pelo especialista, além de receber a medicação indicada pela farmácia estadual. Agora, as maiores dificuldades eram encontrar o tratamento de reabilitação de que Rosa tanto necessitava, os custos com pagamento de um cuidador e o remédio que nem sempre estava disponível na farmácia estadual.