Agora, leia a Cena 6: Envelhecimentos

Joana resolveu organizar as fichas das famílias e verificar a agenda da semana. Seu grupo de idosos em acompanhamento havia crescido nos últimos anos e muitos exigiam um cuidado especial. O número de pessoas idosas com hipertensão e diabetes duplicou em um ano e havia muita dificuldade na orientação a esse grupo. Ao separar as fichas, Joana verificou uma característica predominante no grupo: a grande maioria das pessoas idosas com hipertensão e diabetes é da raça negra, homens e mulheres, mas com uma dificuldade de acompanhamento principalmente no grupo de homens.

Joana já conhecia essa realidade. Sabia que envelhecer era diferente para homens e mulheres, para negros, brancos e amarelos ..., para os que tinham melhor ou pior condição social..., e como agente de saúde se ressente de não receber orientações sobre como enfrentar essas diferenças. Afinal, o que deveria um profissional de saúde conhecer para atuar na atenção à saúde dos idosos a partir do que apresentam de dificuldades e diferenças no envelhecer?

Lembra-se de inúmeros homens e mulheres, negros e com diabetes, que trabalham dia e noite, que comem o que podem, e não têm chance de seguir o que seria a orientação médica. Lembra-se das diferentes situações que afetam os idosos que acompanha...

Conhecer para agir. Joana pensa que para buscar soluções precisa reconhecê-las e compartilhar os problemas. Assim, continua o dia de trabalho olhando as fichas e fazendo anotações; sua intenção é apresentar para a equipe – e quem sabe também no grupo com os idosos e nas conversas das visitas domiciliares – o que tem visto de problemas, para pensarem juntos em soluções e propostas. Esse é o plano de Joana.