Unidade de Aprendizagem I

Fundamentos do Sistema Único de Saúde e suas inter-relações com o envelhecimento

Módulo 1 – Percepções sobre a velhice

Agora leia a Cena 1: A  expectativa de Celina

Celina acorda animada. É um dia especial, pois terá um encontro com seus amigos do ensino fundamental. Faz 50 anos desde a última vez que estiveram todos juntos. Celina manteve contato com algumas poucas pessoas, em especial com três amigas de infância, que caminharam junto com ela boa parte da formação, mas de quem já não tinha notícias há algum tempo. Quanto aos demais, poucas notícias chegaram nos últimos anos.

 

Ao olhar-se no espelho ao acordar, Celina começa a relembrar sua trajetória de vida; um sentimento de alegria, curiosidade e angústia invade seus pensamentos.

 

- Quando foi mesmo que essas rugas apareceram? O que vão achar de mim? Será que vão me reconhecer?

 

- Já faz 50 anos! Mas foi ontem que me despedi dos meus amigos e segui animada no meu projeto de tornar-me professora universitária! Como o tempo voa!

 

- O que será que aconteceu na vida de meus colegas e amigos? Como será que estão todos?

Celina não sabia que um encontro com antigos amigos a deixaria assim tão mobilizada, quase não havia conseguido dormir à noite.

 

- Credo, como a vida pode ser assim tão acelerada? Ainda me sinto jovem, mas meu corpo... Quero fazer coisas que não podia fazer aos 18 anos, mas já não consigo mais... Essa coisa de ‘terceira idade’ ser a ‘idade feliz’, não sei quem inventou, não concordo de jeito algum... Eu era bem feliz aos 18... Por que as pessoas gostam de valorizar a maturidade? Eu prefiro valorizar o que vivi, e vivi muito, realmente aprendi muito nesses 65 anos, mas ainda acho que posso aprender mais, quero mais da vida... Puxa, mas como é estranho perceber que a vida está em contagem regressiva, a cada dia surge uma dor nova, uma queixa; é um joelho que não dobra mais como antes, são as costas que parecem que vão se despedaçar, é a dificuldade para enxergar, a pressão alta para controlar, a taquicardia nos momentos de emoção, afora a quantidade de remédios... Ah, mas eu não desisto, cada minuto é importante...

 

Os pensamentos de Celina pareciam se multiplicar e uma ideia levava a outra. O encontro estava marcado para o horário do almoço. Ela poderia fazer tudo com tranquilidade, mas seu coração e espírito estavam acelerados. A vida passava como um filme em sua mente, cada colega e as situações de vida.