Boas-vindas

A atuação de cada profissional da área de saúde, seja na gestão de serviços ou na operacionalização das atividades hemoterápicas, deve estar amparada no conhecimento do universo técnico e político em que se está inserido. É essencial que os responsáveis técnicos de AT disponham, não apenas do conhecimento necessário da disciplina médica envolvida e dos conhecimentos de gestão de operações e recursos, mas também conheçam as estruturas dos sistemas de saúde púbica que dão suporte técnico, administrativo e político à sua atuação.

O conhecimento da legislação, ou dos regulamentos jurídicos da hemoterapia, é fundamental para que os profissionais e agentes públicos envolvidos com atenção hemoterápica à saúde da população possam fazer valer as normas de ordem pública relativas à área do sangue, de componentes e derivados e, assim, garantir a universalidade e a igualdade do acesso da população às ações e aos serviços para promoção, proteção e recuperação da saúde.

Uma atuação eficiente e eficaz de responsáveis técnicos de AT pressupõe a apropriação de conhecimentos que não devem estar restritos ao processo de trabalho da AT propriamente dita, devendo abranger também o processo de produção de hemocomponentes, o uso racional do sangue, sua correta administração e, ainda, o monitoramento adequado do ato transfusional e de suas repercussões.

A compreensão da criticidade dos procedimentos envolvidos no ciclo do sangue e da importância da articulação das AT com os serviços produtores de hemocomponentes e unidades hospitalares onde normalmente estão inseridas é de suma importância para que os procedimentos sejam executados de acordo com as boas práticas e a legislação vigentes, visando à melhoria da qualidade dos produtos, à adequada realização dos processos e ao aumento da segurança de doadores e receptores.

Nessa perspectiva, esta unidade contempla três etapas nas quais serão abordados o ciclo produtivo do sangue nos hemocentros e a sistemática de trabalho das  AT. Você ainda conhecerá o processo de análise de resultados e identificação de desvios de testes laboratoriais e a indicação de hemocomponentes, baseada no uso racional desses produtos. Por fim, você terá a oportunidade de conhecer e refletir sobre estratégias para viabilizar a utilização, na unidade hospitalar, de métodos para a redução do consumo de sangue e componentes, bem como a prevenção e o tratamento de eventos adversos relacionados a esses produtos.

Esta unidade de aprendizagem foi desenvolvida com o objetivo de disseminar conceitos de garantia da qualidade, gerenciamento de risco, biossegurança, difundir modelos de monitoramento e avaliações interna e externa, além de apresentar os principais mecanismos regulatórios sanitários aplicados aos processos das AT.

Ao considerar que a gestão da qualidade nos Serviços de Hematologia e Hemoterapia (SHH) foi instituída legalmente visando a garantir ao usuário do SUS produtos hemoterápicos com qualidade e segurança, serão apresentados, ao longo desta unidade, conceitos e elementos que subsidiarão os alunos a implementar práticas de gestão para o aperfeiçoamento dos processos de trabalho. Apesar de não esgotar o tema, o aluno poderá se aprofundar nos conteúdos por meio dos links e das referências indicadas neste material. 

Objetivos:

Compreender as atividades de saúde em seu contexto econômico-social, entendendo o arcabouço institucional do Sistema Único de Saúde (SUS), bem como os princípios e as diretrizes da Política Nacional de Sangue e Hemoderivados, de modo a poder aplicá-los no gerenciamento dos processos de trabalho das AT.

Conteúdos:

• Princípios e diretrizes que embasam a organização do SUS no Brasil; processo de implementação e estrutura institucional do SUS e papel dos diferentes gestores;
• Política Nacional de Sangue e Sistema Nacional de Sangue, Componentes e Derivados (Sinasan), estrutura organizacional do Sinasan e papel da Direção Nacional da Política de Sangue, da hemorrede e das AT.

Objetivos:

Aplicar os conceitos e as técnicas do gerenciamento de recursos: recursos humanos, recursos materiais – novos processos de gestão de insumos e reagentes aplicados a uma AT, novas técnicas de gestão de estoques e fornecimento de hemocomponentes, bem como gestão de equipamentos – e o gerenciamento de recursos financeiros e suas fontes de receita.

Conteúdos:

• Novos conceitos e novas técnicas de gerenciamento e logística da cadeia de suprimentos de materiais, com vistas a qualidade, quantidade e disponibilidade dos insumos necessários para processos produtivos de uma AT;
• Técnicas de gestão de estoque de hemocomponentes para identificar necessidades e demandas da AT, de modo a atender ao serviço hospitalar, conceitos de demanda, uso e necessidade para fornecer e adequar o padrão de reserva cirúrgica e minimizar o descarte por validade;
• Gestão do parque de equipamentos de uma AT – conceitos de inventário e parque tecnológico, classificação quanto à criticidade, conceitos de qualificação, calibração, manutenção e obsolescência. Introdução aos conceitos de tecnovigilância e sinergismo entre estrutura predial e equipamentos;
• Modelos de faturamento de hemocomponentes, principais códigos de faturamento da tabela do SUS, repasses entre unidades do SUS e privadas e principais procedimentos que podem ser faturados pela AT.

Objetivos:

Analisar os processos de trabalho de serviços de hemoterapia, no hemocentro produtor e na AT, visando à atuação na gestão desses processos.

Conteúdos:

No hemocentro produtor:

• Ações de captação de doadores;
• Triagem de candidatos a doação;
• Coleta (sangue total e aférese);
• Produção de hemocomponentes e modificações (irradiação, desleucocitação, lavagem, aliquotagem);
• Triagem para infecções transmissíveis por transfusão (ITT);
• Imuno-hematologia eritrocitária do doador;
• Liberação, transporte e distribuição.

Na AT:

• Requisição de transfusão e prescrição médica;
• Coleta e identificação de amostras;
• Recebimento de amostras laboratoriais;
• Registro do paciente na AT;
• Preparo de amostras;
• Testes pré-transfusionais;
• Seleção do hemocomponente;
• Prova de compatibilidade;
• Identificação e liberação do hemocomponente para transfusão;
• Dispensação e retirada dos hemocomponentes;
• Inspeção e dupla checagem;
• Instalação e acompanhamento da transfusão.

Objetivos:

Discutir o gerenciamento do uso racional de hemocomponentes e PBM.

Conteúdos:

Indicação de:

• Concentrado de hemácias (incluindo fenotipados, irradiados, desleucocitados e lavados);
• Concentrado de plaquetas (incluindo irradiados, desleucocitados e lavados);
• Plasma fresco congelado;
• Crioprecipitado;
• Concentrado de granulócitos;
• Albumina humana;
• Gestão do sangue para pacientes/métodos para redução do consumo de sangue – PBM.

Objetivos:

Analisar criticamente o processo de trabalho, com base nos conceitos e nas funções da hemovigilância, dos comitês transfusionais (CT) e do núcleo de segurança do paciente (NSP).

Conteúdos:

• Hemovigilância de receptor: definição de caso, correlação com transfusão e gravidade;
• Priorizar as reações mais frequentes e mais graves;
• Conduta: orientação ao médico assistente, tratamento e prevenção;
• Registro, comunicação e notificação;
• Retrovigilância e investigação de soroconversões.
• CT e NSP: constituição do CT e funções (educação continuada/permanente, auditorias, investigações de eventos adversos);
• Monitoramento de eficácia/eficiência do CT e interface com NSP.

Objetivo:

Apresentar os conceitos de biossegurança, gerenciamento de resíduos de serviços de saúde, limpeza de ambiente e de equipamentos e de processamento de materiais e como estes se aplicam em uma AT.

Conteúdos:

• Biossegurança;
• Plano de gerenciamento de resíduos de serviços de saúde (PGRSS);
• Higiene e limpeza hospitalar;
• Processamento de materiais.

Objetivos:

Aplicar os princípios gerais do Sistema da Qualidade e Gestão de Riscos e de monitoramento e avaliação externa das AT, na perspectiva do Programa Nacional de Qualificação da Hemorrede (PNQH) e do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária.

Conteúdos:

• Padronização dos processos por meio de procedimentos operacionais;
• Gestão de registros de rastreabilidade;
• Treinamentos;
• Qualificação de insumos e serviços;
• Materiais e equipamentos das AT;
• Tratamento de não conformidades;
• Análise e tratamento de resultados de controles de qualidade interno e externo;
• Auditoria interna;
• Aplicação dos princípios do sistema de qualidade na gestão de risco;
• Licenciamento sanitário;
• Modelo de avaliação do risco sanitário;
• Sistema de Notificações em Vigilância Sanitária (Notivisa);
• Modelo de avaliação de serviço e ferramentas para a implementação de melhorias técnicas e gerenciais, com base no PNQH.