Nesta seção, você vai conhecer algumas tecnologias sociais voltadas para o saneamento ecológico. Nossa intenção não é apresentar um passo a passo detalhado para ensiná-lo a desenvolver sozinho todas essas tecnologias. A ideia é que, ao conhecê-las, você possa refletir em conjunto com a sua comunidade sobre quais as mais adequadas ou as que podem ser adaptadas à sua realidade.
Mas antes de apresentar essas tecnologias, sugerimos que você assista ao vídeo em que Tito Cals, membro do OTSS que atua especificamente na área de saneamento ecológico, faz um panorama do que será mostrado mais adiante!
Agora, vamos aos detalhes sobre essas tecnologias.
Tanque de evapotranspiração (Tevap), também conhecido como bacia de evapotranspiração (BET), fossa de bananeiras ou fossa biosséptica. É um equipamento que purifica e melhora a qualidade da água que vem dos vasos sanitários.
Local: Praia do Sono, Paraty, Rio de Janeiro.
Objetivo: Tratamento da água dos vasos sanitários.
O Tevap age, inicialmente, por meio da digestão anaeróbica da matéria orgânica; em seguida, ocorre a filtração, degradação pela ação de colônias de microorganismos (os biofilmes), que aderem ao material filtrante, e plantas (principalmente bananeiras e taiobas, mas também é possível a utilização de outras espécies macrófitas, frutíferas e/ou ornamentais). Elas utilizam os nutrientes presentes nesse meio para se desenvolver e transpiram para a atmosfera o excesso de água.
Pode ser usado para uma casa ou um pequeno grupo de casas. Sua maior desvantagem está no tamanho que o sistema pode adquirir no caso do uso para tratamento de grandes volumes, uma vez que o tanque precisa ter capacidade para receber dois metros cúbicos de volume por pessoa que o utilize diariamente, segundo a literatura sobre o assunto. Por exemplo: se uma casa tem três habitantes e utiliza o Tevap para escoar a água do vaso sanitário, será necessário um tanque que comporte o volume de seis metros cúbicos.
Foto: Eduardo di Napolli/Comunicação OTSS.
Uma parceria entre a Associação de Moradores da Praia do Sono, o OTSS, a Fiocruz, o FCT e a prefeitura de Paraty contribuiu para construir onze módulos de tanques de evapotranspiração. O primeiro deles foi construído na escola da comunidade (foto); os demais, em dez residências na região.
O projeto todo teve como base a pesquisa-ação e a ecologia dos saberes. Os moradores estiveram presentes em todas as etapas, desde as tomadas de decisão até a execução dos projetos. Dessa forma, foram capacitados para multiplicar a tecnologia por todo o território.
O vídeo Saneamento ecológico Praia do Sono conta um pouco mais dessa história.
ENTRA VÍDEO!!!
Foto: Eduardo di Napoli/Comunicação OTSS.
Local: Pouso da Cajaíba, Paraty, Rio de Janeiro.
Objetivo: Tratamento das águas cinza (de pias, tanques, chuveiros etc.).
Sistema composto por três caixas construídas com a técnica do plastocimento, que é constituído de plástico (os sacos de cebola costumam ser os mais utilizados), areia e cimento. O processo se inicia pela caixa de gordura. Em seguida, outras três caixas são preenchidas com brita, areia e carvão, respectivamente. Veja o desenho esquemático acompanhado da foto do filtro feito no Pouso da Cajaíba.
Fonte: Machado et al. (2019, p. 93).
Desenvolvido por Francisco Xavier, mais conhecido como Ticote, caiçara de Pouso da Cajaíba e fundador do Instituto de Permacultura e Educação Caiçara (Ipeca).
O filtro de águas cinza integra o Banco de Tecnologias Sociais da Fundação Banco do Brasil.
Foto: Eduardo di Napoli/Comunicação OTSS.
Local: Praia do Sono, Paraty, Rio de Janeiro.
Objetivo: Tratamento das águas cinza (de pias, tanques, chuveiros etc.).
Assim como a maioria das tecnologias de saneamento ecológico, o círculo de bananeiras é originado da permacultura. Consiste em uma cavidade no solo, preenchida de matéria orgânica, com bananeiras e outras plantas ao seu redor, que são as responsáveis pela evapotranspiração da água captada. Dependendo da quantidade de água a ser tratada e do tipo de solo local, podem ser necessários dois ou mais círculos em paralelo. A seguir, apresentamos um desenho esquemático de um círculo de bananeiras.
Fonte: Machado et al. (2019, p. 93).
Foto: Eduardo di Napoli/Comunicação OTSS.
Local: Vale Encantado, Alto da Boa Vista, Rio de Janeiro.
Objetivo: Tratamento do esgoto de 150 pessoas.
O biodigestor é responsável pela digestão anaeróbica da matéria orgânica presente na água; e a zona de raízes, pela filtragem, por meio da ação de microorganismos e plantas.
O biossistema é capaz de remover mais de 90% da carga orgânica presente na água. Isso significa que ele “limpa” a água, deixando-a em condições seguras para retornar à natureza.
O biodigestor gera biogás, que é canalizado, filtrado e abastece a casa de uma família, responsável pela manutenção desse sistema. Essa manutenção consiste em podar as plantas da zona de raízes e verificar se existe algum entupimento na caixa de entrada.
Foto: Taboa Engenharia.
Projeto realizado por meio da parceria entre a Associação de Moradores do Vale Encantado, a Universidade PUC-RIO, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), a Taboa Engenharia e o Instituto Ambiente em Movimento.
Foi construído um modelo chinês de biodigestor, em alvenaria, para o tratamento da água de 27 famílias. E uma zona de raízes para o tratamento complementar.
Fotos: Taboa Engenharia.
Local: Areal, Espírito Santo.
Objetivo: A água da chuva, muito abundante em determinados locais, acaba sendo ignorada pela maioria da população, que não se beneficia dessa importante riqueza. Por meio de um sistema de calhas, filtro, tubos e um reservatório, é possível utilizar essa água para os seguintes fins: rega de jardins e plantações, lavagem de carros, limpeza de pisos e descargas de sanitários. Apesar de ter aparência límpida, essa água não é potável, logo, não deve ser utilizada para beber e cozinhar.
Fonte do slide 1: Permacultores urbanos ([202-)]. Fotos dos slides 2 e 3: Leonardo Tannous.
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