Informações sobre o curso
MANEJO E VIGILÂNCIA
da Tuberculose Drogarresistente

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ISBN: 978-85-8432-096-7

Contexto

  • Nível de ensino: qualificação profissional
  • Carga horária: 80 horas
  • Duração máxima prevista: 4 meses
  • A quem se destina: médicos e enfermeiros que atuam no manejo clínico de pacientes portadores de tuberculose ​resistente, preferencialmente, vinculados às unidades de referência
  • Dedicação necessária do aluno ao curso: cerca de 5 horas semanais

A tuberculose resistente a medicamentos (TBDR) é considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) um dos maiores desafios para o controle da doença em nível global. Esse desafio tem início no baixo percentual de casos que são diagnosticados e iniciam o tratamento (cerca de trinta por cento). A interpretação dos resultados dos exames laboratoriais de bacteriologia da tuberculose, por vezes, também é motivo de dúvida na prática clínica. Dentre os casos notificados, a taxa de sucesso terapêutico foi de 57%, para a coorte de 2017.

O manejo dos casos de TBDR requer uma complexa sequência de etapas que se inicia no diagnóstico do padrão de resistência, com análise situacional e particularizada do caso, considerando o contexto social, econômico, cultural, as comorbidades e os fatores que dificultam a adesão ao tratamento. ​

A complexidade segue na definição do esquema adequado de tratamento, composto por medicamentos de segunda linha, com maior tempo de duração (18 a 24 meses) e potencialmente tóxicos. Portanto, é necessário que se elabore um plano terapêutico que vá além da prescrição do esquema, prevendo também avaliação e intervenção multidisciplinares de forma integrada à rede primária de atenção em saúde. O desafio continua durante o tratamento (clínico, bacteriológico, laboratorial, radiológico e manejo dos eventos adversos), no uso dos sistemas de notificação e acompanhamento e ainda depois que o tratamento é concluído (vigilância da recidiva). ​

Os novos fármacos para tratamento da TBDR disponibilizados pelo Ministério da Saúde e o contato com diversos profissionais que atuam nos centros de referência para tuberculose no SUS, de forma direta e indireta, por meio do Sistema de Informação de Tratamentos Especiais da Tuberculose (SITETB), sinalizaram a importância da realização de um curso com o propósito de qualificar profissionais médicos e enfermeiros no manejo e vigilância da tuberculose resistente.

A proposta é aproximar a prática clínica dos conceitos teóricos e das recomendações programáticas, partindo da problematização, por meio de casos clínicos e situações reais, para construir uma linha de entendimento que vai do manejo clínico e operacional adequado à condução segura dos pacientes portadores de tuberculose drogarresistente.​​

O Curso Manejo e Vigilância da Tuberculose Drogarresistente é uma iniciativa da Coordenação-Geral de Vigilância das Doenças de Transmissão Respiratória de Condições Crônicas (CGDR/DCCI/SVS/MS), em parceria com a Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (ENSP/Fiocruz), representada pela Vice-Direção de Ambulatórios e Laboratórios (VDAL), pelo Centro de Referência Professor Hélio Fraga (CRPHF) e pela Coordenação de Desenvolvimento Educacional e Educação a Distância (CDEAD). É voltado para profissionais médicos e enfermeiros que atuem em atividades de controle da tuberculose nas unidades de referência terciária (preferencialmente), secundária, em unidades de atenção primária para a tuberculose e na rede privada.

Objetivos

O curso tem como objetivo geral qualificar médicos e enfermeiros para o manejo dos casos de tuberculose resistente.

Ao concluir o curso, espera-se que o egresso esteja habilitado a:

  • Analisar a situação epidemiológica da tuberculose e da drogarresistência no Brasil.
  • Interpretar os resultados dos testes de resistência disponíveis correlacionando-os com a clínica e a epidemiologia. 
  • Manejar racionalmente os medicamentos anti-TB para a indicação de esquemas padronizados e elaborar esquemas individualizados para o tratamento da TBDR.
  • Manejar os eventos adversos, comorbidades e interações medicamentosas. 
  • Utilizar o Sistema de Informação de Tratamentos Especiais da Tuberculose, especificamente a sua funcionalidade de casos e gerenciamento.
  • Contribuir com o controle da tuberculose no Brasil mediante o manejo adequado dos casos de TBDR.

Proposta pedagógica

A proposta pedagógica do curso fundamenta-se no reconhecimento do aluno como agente ativo da sua construção de conhecimento. Sendo assim, o processo educativo está calcado na valorização das experiências e vivências dos alunos-profissionais, de forma a propiciar a mobilização de saberes e a reconstrução do conhecimento existente. ​

Nessa perspectiva, desde a concepção até o planejamento das atividades pedagógicas, o curso privilegia o fortalecimento do pensamento autônomo e da visão crítica, ao mesmo tempo que dá ênfase ao domínio técnico, com o objetivo de fortalecer a atuação do aluno-profissional.

O curso tem como base os seguintes princípios:

Troca de conhecimentos e experiências sobre o manejo de casos de tuberculose drogarresistente.

Rompimento com a transmissão vertical de conhecimentos.

Promoção de diálogo entre os sujeitos.

Integração entre prática clínica e melhores evidências científicas.​

Trata-se de um processo de formação que se propõe a aproximar a teoria (melhores evidências) da prática clínica, partindo da problematização, por meio de casos clínicos e situações reais, para construir uma linha de raciocínio lógico, chamando o embasamento teórico para a compreensão das situações apresentadas e orientação para um manejo clínico e operacional adequados à condução segura dos pacientes portadores de tuberculose drogarresistente.

Estrutura e dinâmica

Para subsidiar o alcance dos objetivos, organizamos os conteúdos pedagógicos em cinco módulos, que incorporam estratégias pedagógicas. O intuito é problematizar concepções e práticas e facilitar o processo de aprendizagem a distância.

Conheça a matriz curricular do curso
Módulo Objetivo Conteúdos

Módulo 1: A tuberculose como problema de saúde pública e os desafios para o seu controle

Carga horária: 10 horas

  • Conhecer o contexto epidemiológico da tuberculose e TBDR no mundo, no Brasil e na realidade local.
  • Identificar os maiores desafios para o controle da doença, incluindo sua determinação social.
  • Epidemiologia da tuberculose.
  • Situação epidemiológica da drogarresistência.
  • Desafios globais e locais para o controle da doença.
  • Parâmetros para a estimativa de casos novos de TBMDR.

Módulo 2: Metodologias para o diagnóstico de resistência bacilar

Carga horária: 10 horas

  • Conhecer os métodos disponíveis para o diagnóstico bacteriológico das resistências.
  • Associar os resultados laboratoriais ao contexto clínico e epidemiológico dos pacientes.
  • Categorizar os pacientes de acordo com o padrão de resistência para a tomada de decisão sobre o manejo medicamentoso.
  • Conceitos de resistências.
  • Métodos fenotípicos de resistência.
  • Métodos genotípicos de resistência.
  • Análise do histórico de uso de medicamentos.
  • Desafios na interpretação de resultados conflitantes.
  • Diagnóstico situacional do caso.

Módulo 3: Uso racional dos fármacos anti-TB no manejo medicamentoso do tratamento de casos de diversos padrões de resistência

Carga horária: 25 horas

  • Conhecer o arsenal terapêutico disponível para o tratamento da TB/TBDR, do ponto de vista farmacológico.
  • Ser capaz de elaborar um esquema terapêutico individualizado para cada padrão de resistência.
  • Identificar situações que podem comprometer o uso recomendado do esquema terapêutico.
  • Identificar redes de apoio para a adesão ao tratamento.
  • Bases bacteriológicas do tratamento da TB.
  • Bases farmacológicas para o tratamento da TB/TBDR.
  • Fármacos essenciais.
  • Fármacos acompanhantes.
  • Metodologia para elaboração de esquemas de tratamento.
  • Modalidades do uso dos medicamentos.
  • Envolvimento dos pacientes na tomada de decisão sobre o tratamento.
  • Projeto terapêutico singular.
  • Integração entre os diversos níveis de atenção ao paciente.
  • Situações especiais (gestantes, crianças, HIV, diabetes, renais e hepatopatas).
  • Novos medicamentos.

Módulo 4: Acompanhamento do tratamento dos pacientes portadores de tuberculose resistente e manejo das reações adversas aos medicamentos

Carga horária: 20 horas

  • Conhecer a rotina de acompanhamento dos pacientes em tratamento da TBDR.
  • Realizar avaliação dos contatos dos pacientes.
  • Manejar os eventos adversos.
  • Acompanhamento clínico, bacteriológico, laboratorial e de imagem.
  • Identificação e manejo dos eventos adversos relacionados aos medicamentos.
  • Indicações de internação hospitalar.
  • Farmacovigilância.
  • Recomendações para o controle de infecção e avaliação dos contatos.

Módulo 5: Vigilância da TBDR: Uso do Sistema de Informação de Tratamentos Especiais da Tuberculose (SITETB)

Carga horária: 15 horas

  • Utilizar o SITETB para notificação, acompanhamento e encerramento dos casos de TBDR.
  • Saber como extrair relatórios epidemiológicos e gerenciais do SITETB.
  • Analisar a qualidade do controle da TBDR em diversos níveis de gestão, principalmente a local.
  • Histórico da vigilância da TBDR no Brasil.
  • SITETB – módulo casos (notificação, rotinas de acompanhamento e encerramento).
  • SITETB – módulo gerenciamento.
  • Ações de vigilância.
  • Interação com o Sistema de Avaliação de Agravos de Notificação (Sinan).

Conheça um pouco mais sobre a dinâmica de desenvolvimento do curso:

Para iniciar, você terá uma semana de ambientação, durante a qual serão apresentados a proposta e o cronograma de desenvolvimento do curso, e poderá navegar pelo ambiente virtual de aprendizagem (AVA). Além disso, terá a oportunidade de se apresentar e de conhecer os colegas de turma e o tutor-docente que o acompanharão nessa jornada.

Você terá acesso aos módulos pelo AVA, tanto à parte teórica quanto às atividades propostas, que visam ampliar seu olhar crítico por meio da relação teoria e prática, procurando contribuir para a transformação das práticas no manejo da tuberculose drogarresistente nos serviços de saúde. Essas atividades são de duas naturezas:

Atividades comentadas

Têm o propósito de facilitar a mobilização dos conhecimentos construídos pelos participantes e, ao mesmo tempo, monitorar os progressos alcançados durante o estudo dos conteúdos. Esse tipo de atividade contém feedbacks/comentários automáticos, elaborados de acordo com os requisitos básicos esperados na resposta. Embora não seja preciso enviá-las para avaliação do seu tutor-docente, você pode fazê-lo caso sinta necessidade de tirar dúvidas ou aprofundar algum aspecto.

Atividades de avaliação

Promovem reflexões sobre os temas presentes nos módulos por meio de interações, compartilhamentos de informações e experiências sobre a atuação entre os alunos profissionais. São realizadas em diálogo com o tutor-docente e serão consideradas por ele para avaliar o seu desempenho no curso. Devem ser realizadas de acordo com o cronograma do curso, publicado no AVA. ​

Essas atividades podem ser dos seguintes tipos:

Atividades de fórum

Permitem a interação do aluno com o tutor-docente e com a turma, motivada por questões específicas que se destinam a facilitar a construção de conhecimento. Nos fóruns, o aluno é convidado a expressar a sua análise e dividir as dúvidas sobre o tema proposto.

Atividades de envio

Cobrem o conteúdo de forma abrangente e oferecem ao aluno a oportunidade de verificar os conhecimentos construídos, considerando seus conhecimentos prévios, sua história de vida e valorizando as vivências pessoais e profissionais. ​

Webencontro

Atividades de interação em tempo real, com troca de experiências mais ágil e fortalecimento dos vínculos entre alunos e tutores-docentes.

Ao final do Módulo 5, você participará de um webencontro para avaliação e encerramento do curso. ​

O AVA ainda ficará acessível por uma semana depois de receber sua nota no curso.

Atenção!
Caso seja de seu interesse, organize-se para salvar suas atividades e baixar os materiais do curso antes da data programada para encerramento do acesso ao AVA, explicitada no cronograma.

Avaliação

Neste curso, a avaliação é prioritariamente formativa, com foco no processo de construção do conhecimento e no desenvolvimento das capacidades necessárias à atuação profissional, buscando sempre valorizar as vivências pessoais e profissionais do aluno. Vejamos alguns aspectos relevantes à sua avaliação:

As atividades propostas são consideradas chaves para o seu desenvolvimento no curso, proporcionando momentos de percepção sobre seus progressos, confronto de ideias e construção de saberes, o que evidencia a riqueza inerente à produção social do conhecimento. Aquelas que são de interação ou de envio ao tutor-docente serão consideradas para a avaliação do seu desempenho no curso.

Seu desempenho nas atividades receberá comentários do tutor-docente, registrados no AVA. Não será atribuída uma nota/conceito para cada atividade em particular, mas, sim, uma nota final, referente ao conjunto de produções desenvolvidas ao longo do curso, de modo a abarcar o processo formativo do aluno, no todo.

Para analisar seu desempenho nas atividades, e no curso em sua totalidade, serão observados os seguintes aspectos:

  • coerência e capacidade de argumentação na discussão das questões relacionadas ao conteúdo do curso;
  • reflexão sobre experiências e práticas, articulando-as com a base teórica trabalhada, para ampliar a compreensão sobre o seu contexto de trabalho (fundamentação teórica e análise crítica da realidade);
  • comprometimento com a execução do cronograma do curso, uma forma de expressar a corresponsabilidade e pactuação coletiva.

A sua nota final do curso (0,0 a 10,0), lançada pelo tutor-docente, será convertida automaticamente em conceitos – A, B, C ou D –, obedecendo à equivalência estabelecida no Regulamento de Ensino da ENSP (ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA SERGIO AROUCA, 2016), apresentada a seguir.

Notas Conceitos

9,0 a 10,0

A (excelente)

7,5 a 8,9

B (bom)

6,0 a 7,4

C (regular)

0,0 a 5,9

D (insuficiente)

Atenção!
Conforme o que foi dito nas normas acadêmicas, você terá de alcançar, no mínimo, nota seis para obter o certificado de conclusão de curso.


A teoria sem a prática vira "verbalismo", assim como a prática sem teoria vira ativismo. No entanto, quando se une a prática com a teoria tem-se a práxis, a ação criadora e modificadora da realidade.
Paulo Freire (2003).

Referências

ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA SERGIO AROUCA. Regulamento dos Cursos de Pós-Graduação Lato Sensu e de Qualificação Profissional [...]. Rio de Janeiro: ENSP, 2016.​
Disponível em: http://informe.ensp.fiocruz.br. Acesso em: 27 mar. 2022.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz & Terra, 2003.

Créditos

Ministério da Saúde

Fundação Oswaldo Cruz – Fiocruz

Presidente

Nísia Trindade Lima

Diretor da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca – ENSP

Marco Antonio Carneiro Menezes

Vice-Diretora de Ensino – VDE/ENSP

Enirtes Caetano Prates Melo

Chefe do Centro de Referência Professor Hélio Fraga – CRPHF/ENSP

Paulo Victor de Sousa Viana

Coordenador de Desenvolvimento Educacional e Educação a Distância – CDEAD/ENSP

Mauricio De Seta

Curso Manejo e Vigilância da Tuberculose Resistente

Coordenadores

Jorge Luiz da Rocha​

Paulo Victor de Sousa Viana

Gisele Pinto de Oliveira

 

Assessores pedagógicos na criação e desenvolvimento de processos educativos e materiais didáticos

Fabio Peres​

Henriette dos Santos

 

Assessores pedagógicos na formação docente

Diogo César Nunes

Maria Angélica Costa

Simone Agadir Santos

Desenho instrucional

Ana Paula Abreu-Fialho

Revisão metodológica

Fabio Peres​

Henriette dos Santos

Revisão de texto/copidesque

Simone Teles

Revisão de referências/normalização

Maria Auxiliadora Nogueira

Revisão editorial

Andréia Amaral

Identidade visual e projeto gráfico

Rejane Megale Figueiredo

Desenvolvimento

Jaime Vieira

Rejane Megale Figueiredo

Imagem de abertura

História do tratamento da tuberculose, de Poty Lazzarotto (1957). ​


Catalogação na fonte
Fundação Oswaldo Cruz
Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde
Biblioteca de Saúde Pública

Como referenciar esta obra, segundo a ABNT:
FIOCRUZ. Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca. Coordenação de Desenvolvimento Educacional e Educação a Distância. Informações sobre o Curso Manejo e Vigilância da Tuberculose Drogarresistente. Rio de Janeiro: CDEAD/ENSP/Fiocruz, 2021. 1 recurso eletrônico. Material didático digital.

Material elaborado de acordo com a Política de Acesso Aberto ao Conhecimento da Fiocruz. Os textos desta obra podem ser copiados e compartilhados, desde que não sejam utilizados para fins comerciais, seja citada a fonte e atribuídos os devidos créditos.

2022

Coordenação de Desenvolvimento Educacional e Educação a Distância da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (CDEAD/ENSP)

Rua Leopoldo Bulhões, 1480 – Prédio Professor Joaquim Alberto Cardoso de Melo

Manguinhos – Rio de Janeiro – RJ

CEP.: 21041-210

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