
A tuberculose resistente a medicamentos (TBDR) é considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) um dos maiores desafios para o controle da doença em nível global. Esse desafio tem início no baixo percentual de casos que são diagnosticados e iniciam o tratamento (cerca de trinta por cento). A interpretação dos resultados dos exames laboratoriais de bacteriologia da tuberculose, por vezes, também é motivo de dúvida na prática clínica. Dentre os casos notificados, a taxa de sucesso terapêutico foi de 57%, para a coorte de 2017.
O manejo dos casos de TBDR requer uma complexa sequência de etapas que se inicia no diagnóstico do padrão de resistência, com análise situacional e particularizada do caso, considerando o contexto social, econômico, cultural, as comorbidades e os fatores que dificultam a adesão ao tratamento.
A complexidade segue na definição do esquema adequado de tratamento, composto por medicamentos de segunda linha, com maior tempo de duração (18 a 24 meses) e potencialmente tóxicos. Portanto, é necessário que se elabore um plano terapêutico que vá além da prescrição do esquema, prevendo também avaliação e intervenção multidisciplinares de forma integrada à rede primária de atenção em saúde. O desafio continua durante o tratamento (clínico, bacteriológico, laboratorial, radiológico e manejo dos eventos adversos), no uso dos sistemas de notificação e acompanhamento e ainda depois que o tratamento é concluído (vigilância da recidiva).
Os novos fármacos para tratamento da TBDR disponibilizados pelo Ministério da Saúde e o contato com diversos profissionais que atuam nos centros de referência para tuberculose no SUS, de forma direta e indireta, por meio do Sistema de Informação de Tratamentos Especiais da Tuberculose (SITETB), sinalizaram a importância da realização de um curso com o propósito de qualificar profissionais médicos e enfermeiros no manejo e vigilância da tuberculose resistente.
A proposta é aproximar a prática clínica dos conceitos teóricos e das recomendações programáticas, partindo da problematização, por meio de casos clínicos e situações reais, para construir uma linha de entendimento que vai do manejo clínico e operacional adequado à condução segura dos pacientes portadores de tuberculose drogarresistente.
O Curso Manejo e Vigilância da Tuberculose Drogarresistente é uma iniciativa da Coordenação-Geral de Vigilância das Doenças de Transmissão Respiratória de Condições Crônicas (CGDR/DCCI/SVS/MS), em parceria com a Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (ENSP/Fiocruz), representada pela Vice-Direção de Ambulatórios e Laboratórios (VDAL), pelo Centro de Referência Professor Hélio Fraga (CRPHF) e pela Coordenação de Desenvolvimento Educacional e Educação a Distância (CDEAD). É voltado para profissionais médicos e enfermeiros que atuem em atividades de controle da tuberculose nas unidades de referência terciária (preferencialmente), secundária, em unidades de atenção primária para a tuberculose e na rede privada.
O curso tem como objetivo geral qualificar médicos e enfermeiros para o manejo dos casos de tuberculose resistente.
Ao concluir o curso, espera-se que o egresso esteja habilitado a:
A proposta pedagógica do curso fundamenta-se no reconhecimento do aluno como agente ativo da sua construção de conhecimento. Sendo assim, o processo educativo está calcado na valorização das experiências e vivências dos alunos-profissionais, de forma a propiciar a mobilização de saberes e a reconstrução do conhecimento existente.
Nessa perspectiva, desde a concepção até o planejamento das atividades pedagógicas, o curso privilegia o fortalecimento do pensamento autônomo e da visão crítica, ao mesmo tempo que dá ênfase ao domínio técnico, com o objetivo de fortalecer a atuação do aluno-profissional.
O curso tem como base os seguintes princípios:
Troca de conhecimentos e experiências sobre o manejo de casos de tuberculose drogarresistente.
Rompimento com a transmissão vertical de conhecimentos.
Promoção de diálogo entre os sujeitos.
Integração entre prática clínica e melhores evidências científicas.
Trata-se de um processo de formação que se propõe a aproximar a teoria (melhores evidências) da prática clínica, partindo da problematização, por meio de casos clínicos e situações reais, para construir uma linha de raciocínio lógico, chamando o embasamento teórico para a compreensão das situações apresentadas e orientação para um manejo clínico e operacional adequados à condução segura dos pacientes portadores de tuberculose drogarresistente.
Para subsidiar o alcance dos objetivos, organizamos os conteúdos pedagógicos em cinco módulos, que incorporam estratégias pedagógicas. O intuito é problematizar concepções e práticas e facilitar o processo de aprendizagem a distância.
Conheça um pouco mais sobre a dinâmica de desenvolvimento do curso:
Para iniciar, você terá uma semana de ambientação, durante a qual serão apresentados a proposta e o cronograma de desenvolvimento do curso, e poderá navegar pelo ambiente virtual de aprendizagem (AVA). Além disso, terá a oportunidade de se apresentar e de conhecer os colegas de turma e o tutor-docente que o acompanharão nessa jornada.
Você terá acesso aos módulos pelo AVA, tanto à parte teórica quanto às atividades propostas, que visam ampliar seu olhar crítico por meio da relação teoria e prática, procurando contribuir para a transformação das práticas no manejo da tuberculose drogarresistente nos serviços de saúde. Essas atividades são de duas naturezas:
Têm o propósito de facilitar a mobilização dos conhecimentos construídos pelos participantes e, ao mesmo tempo, monitorar os progressos alcançados durante o estudo dos conteúdos. Esse tipo de atividade contém feedbacks/comentários automáticos, elaborados de acordo com os requisitos básicos esperados na resposta. Embora não seja preciso enviá-las para avaliação do seu tutor-docente, você pode fazê-lo caso sinta necessidade de tirar dúvidas ou aprofundar algum aspecto.
Promovem reflexões sobre os temas presentes nos módulos por meio de interações, compartilhamentos de informações e experiências sobre a atuação entre os alunos profissionais. São realizadas em diálogo com o tutor-docente e serão consideradas por ele para avaliar o seu desempenho no curso. Devem ser realizadas de acordo com o cronograma do curso, publicado no AVA.
Essas atividades podem ser dos seguintes tipos:
Permitem a interação do aluno com o tutor-docente e com a turma, motivada por questões específicas que se destinam a facilitar a construção de conhecimento. Nos fóruns, o aluno é convidado a expressar a sua análise e dividir as dúvidas sobre o tema proposto.
Cobrem o conteúdo de forma abrangente e oferecem ao aluno a oportunidade de verificar os conhecimentos construídos, considerando seus conhecimentos prévios, sua história de vida e valorizando as vivências pessoais e profissionais.
Atividades de interação em tempo real, com troca de experiências mais ágil e fortalecimento dos vínculos entre alunos e tutores-docentes.
Ao final do Módulo 5, você participará de um webencontro para avaliação e encerramento do curso.
O AVA ainda ficará acessível por uma semana depois de receber sua nota no curso.
Atenção!
Caso seja de seu interesse, organize-se para salvar suas atividades e baixar os materiais do curso antes da data programada para encerramento do acesso ao AVA, explicitada no cronograma.
Neste curso, a avaliação é prioritariamente formativa, com foco no processo de construção do conhecimento e no desenvolvimento das capacidades necessárias à atuação profissional, buscando sempre valorizar as vivências pessoais e profissionais do aluno. Vejamos alguns aspectos relevantes à sua avaliação:
As atividades propostas são consideradas chaves para o seu desenvolvimento no curso, proporcionando momentos de percepção sobre seus progressos, confronto de ideias e construção de saberes, o que evidencia a riqueza inerente à produção social do conhecimento. Aquelas que são de interação ou de envio ao tutor-docente serão consideradas para a avaliação do seu desempenho no curso.
Seu desempenho nas atividades receberá comentários do tutor-docente, registrados no AVA. Não será atribuída uma nota/conceito para cada atividade em particular, mas, sim, uma nota final, referente ao conjunto de produções desenvolvidas ao longo do curso, de modo a abarcar o processo formativo do aluno, no todo.
Para analisar seu desempenho nas atividades, e no curso em sua totalidade, serão observados os seguintes aspectos:
A sua nota final do curso (0,0 a 10,0), lançada pelo tutor-docente, será convertida automaticamente em conceitos – A, B, C ou D –, obedecendo à equivalência estabelecida no Regulamento de Ensino da ENSP (ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA SERGIO AROUCA, 2016), apresentada a seguir.
Atenção!
Conforme o que foi dito nas normas acadêmicas, você terá de alcançar, no mínimo, nota seis para obter o certificado de conclusão de curso.
A teoria sem a prática vira "verbalismo", assim como a prática sem teoria vira ativismo. No entanto, quando se une a prática com a teoria tem-se a práxis, a ação criadora e modificadora da realidade.
Paulo Freire (2003).
ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA SERGIO AROUCA. Regulamento dos Cursos de Pós-Graduação Lato Sensu e de Qualificação Profissional [...]. Rio de Janeiro: ENSP, 2016.
Disponível em: http://informe.ensp.fiocruz.br. Acesso em: 27 mar. 2022.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz & Terra, 2003.
Ministério da Saúde
Fundação Oswaldo Cruz – Fiocruz
Presidente
Nísia Trindade Lima
Diretor da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca – ENSP
Marco Antonio Carneiro Menezes
Vice-Diretora de Ensino – VDE/ENSP
Enirtes Caetano Prates Melo
Chefe do Centro de Referência Professor Hélio Fraga – CRPHF/ENSP
Paulo Victor de Sousa Viana
Coordenador de Desenvolvimento Educacional e Educação a Distância – CDEAD/ENSP
Mauricio De Seta
Curso Manejo e Vigilância da Tuberculose Resistente
Coordenadores
Jorge Luiz da Rocha
Paulo Victor de Sousa Viana
Gisele Pinto de Oliveira
Assessores pedagógicos na criação e desenvolvimento de processos educativos e materiais didáticos
Fabio Peres
Henriette dos Santos
Assessores pedagógicos na formação docente
Diogo César Nunes
Maria Angélica Costa
Simone Agadir Santos
Desenho instrucional
Ana Paula Abreu-Fialho
Revisão metodológica
Fabio Peres
Henriette dos Santos
Revisão de texto/copidesque
Simone Teles
Revisão de referências/normalização
Maria Auxiliadora Nogueira
Revisão editorial
Andréia Amaral
Identidade visual e projeto gráfico
Rejane Megale Figueiredo
Desenvolvimento
Jaime Vieira
Rejane Megale Figueiredo
Imagem de abertura
História do tratamento da tuberculose, de Poty Lazzarotto (1957).
Catalogação na fonte
Fundação Oswaldo Cruz
Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde
Biblioteca de Saúde Pública

Como referenciar esta obra, segundo a ABNT:
FIOCRUZ. Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca. Coordenação de Desenvolvimento Educacional e Educação a Distância. Informações sobre o Curso Manejo e Vigilância da Tuberculose Drogarresistente. Rio de Janeiro: CDEAD/ENSP/Fiocruz, 2021. 1 recurso eletrônico. Material didático digital.
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2022
Coordenação de Desenvolvimento Educacional e Educação a Distância da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (CDEAD/ENSP)
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