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Proposta de roteiro de observação voltada para a Cultura da escola e culturas na escola (envio de atividade pelo AVA).

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Participação no Fórum de discussão da Atividade 1.

Prazo

2 semanas

Vamos começar refletindo!

Clique nas perguntas para ler o detalhamento.

Tudo isso tem a ver com a percepção cada vez mais nítida de que a cultura é um tema central em qualquer discussão sobre educação escolar.

 

Não se pode mais falar de uma cultura da escola, enquanto cultura organizacional, que não a considere uma expressão do entrecruzamento das diversas culturas dos diferentes grupos de agentes sociais que ali convivem, ou seja, das culturas na escola.

 

É com base nessa busca pela identificação de conjuntos de fenômenos socioculturais que o educador espanhol Angél Ignacio Pérez Gómez (2001), desenvolveu a ideia de escola como espaço ecológico de cruzamento de culturas. Nesta obra, ele defende que a análise do que ocorre na escola e dos efeitos que esses acontecimentos têm sobre os pensamentos, sentimentos e condutas dos estudantes requer acessar os:

 

Intercâmbios subterrâneos de significados que se produzem nos momentos e nas situações mais inadvertidas da vida cotidiana da escola (PÉREZ GÓMES, 2001, p. 16-17).

 

Para isso, o autor sugeriu uma descrição taxonômica das culturas que se entrecruzam no contexto escolar, definindo algumas categorias.

Clique em cada tipo de cultura para detalhá-la.

CULTURA

Embora todas as categorias descritas por Pérez Gómez (2001) sejam igualmente importantes para compreensão da escola como instituição social, gostaríamos, neste momento, de destacar as categorias cultura acadêmica e cultura institucional.

 

A cultura acadêmica, por ser a expressão que o autor usa para abordar o currículo, aproxima-se da categoria “cultura escolar” aplicada por outros autores (CHERVEL, 1998; FORQUIN, 1992, 1993; JULIA, 2001). E a cultura institucional também  se aproxima por ser aquela que incentiva o olhar a voltar-se para o interior da escola, defendendo a existência de uma cultura da escola como organização, que confere uma identidade própria e configura sua forma específica de estabelecer os intercâmbios pessoais e curriculares internamente e de lidar com as influências macroestruturais a que está sujeita. Esta defesa é feita também por outros autores, como os portugueses António Nóvoa (1992), Rui Canário (1996) e Rui Gomes (1996).

 

Ainda sobre a categoria cultura institucional, Pérez Gómez (2001, p. 131) enunciou:

 

A escola, como qualquer outra instituição social, desenvolve e reproduz sua própria cultura específica. Entendo por isso o conjunto de significados e comportamentos que a escola gera como instituição social. As tradições, os costumes, as rotinas, os rituais e as inércias que a escola se esforça em conservar e reproduzir condicionam claramente o tipo de vida que nela se desenvolve e reforçam a vigência de valores, de expectativas e de crenças ligadas à vida social dos grupos que constituem a instituição escolar.

A definição de cultura institucional no âmbito da escola, enunciada por Pérez Gómez (2001, p. 131) nessa citação, sintetiza e integra os diversos elementos da "cultura organizacional" que Nóvoa (1992) já classificara como visíveis e invisíveis, indicando caminhos para o trabalho de pesquisa empírica no contexto escolar.

Clique em cada elemento para detalhá-lo.

Esses são, portanto, alguns elementos cuja observação é essencial à compreensão da cultura de uma escola e das culturas que nela se entrecruzam.

icone de um livro aberto

Para avançar nessa compreensão, estude, com atenção, o texto “Educação escolar e cultura(s): construindo caminhos”, de autoria de Antônio Flávio Barbosa Moreira e Vera Maria Candau (2003).

 

Nele você certamente encontrará outros subsídios para desenvolver as atividades que lhe são propostas nesta primeira UA do curso.

Reconhecer a escola como um espaço de entrecruzamento de culturas nos convida a refletir sobre como percebemos e conduzimos o processo educativo no contexto escolar com o propósito de favorecer a educação numa perspectiva de formação humana.

Que desafios um professor vivencia no seu cotidiano para implementar a prática educativa dentro dessa perspectiva?

De acordo com o filósofo e educador Ivo Tonet (2007, p. 79):

 

[...] a educação deve formar o homem integral, vale dizer, indivíduos capazes de pensar com lógica, de ter autonomia moral; indivíduos que se tornem cidadãos capazes de contribuir para as transformações sociais, culturais, científicas e tecnológicas que garantam a paz, o progresso, uma vida saudável e a preservação do nosso planeta. Portanto, pessoas criativas, participativas e críticas. Afirma-se que isto seria um processo permanente, um ideal a ser perseguido, de modo especial na escola, mas também fora dela.

 

Para que tal perspectiva seja possível, todos os indivíduos devem ter acesso aos bens materiais e espirituais necessários à sua autoconstrução como humanos no processo de elaboração de uma consciência do ser social, o que implica sua emancipação.

 

Emancipação é um conceito central na obra de Paulo Freire. Para ele, a emancipação humana se realizará pela transformação do ser, pela superação de sua submissão e sujeição, alcançada com o auxílio de processos pedagógicos democráticos, e não por meio de métodos educativos hegemônicos (FREIRE, 1988).

 

De modo a contribuir para uma educação emancipadora, o educador deve atuar como aquele que cria as possibilidades para a produção do conhecimento, ou a sua construção, por intermédio do estímulo à capacidade crítica do educando, sua curiosidade e insubmissão; o educador deve sonhar, decidir e romper com a falsa ideia de que nada podemos contra a realidade, pois ela seria imutável e “natural”. Afinal, para Paulo Freire (2001) a história é tempo de possibilidade e não de determinismo.

Após esta leitura, e considerando os elementos que o enunciado e o texto apresentam, quais perguntas você considera importantes para compor a primeira parte desta atividade − “Cultura da escola e culturas na escola” − do seu roteiro de observação de campo?

UAI - Cada escola, uma história

Atividade 1

 

UAI - Cada escola, uma história

Atividade 1 | PARTE 2

Você já parou para pensar em quantas pessoas diferentes convivem na escola em que você trabalha?

Diretores, supervisores, coordenadores, professores, funcionários, estagiários, alunos, familiares, comunidade... Todos estão lá, interferindo, em algum grau, em tudo o que acontece no cotidiano escolar.

Você já se deu conta de como essas pessoas são diferentes?

Já percebeu que entre aqueles que, a princípio, compõem um mesmo grupo (professores, por exemplo), há diferenças (e distinções) de origem social, formação acadêmica, hábitos de consumo material e cultural, visão de mundo, crenças, valores, representações de seu papel, entre muitas outras?

Você já se viu reclamando ou ouvindo reclamações de colegas seus sobre o comportamento dos “alunos de hoje?”

– “O aluno de hoje não tem mais respeito pelo professor.”

– “Hoje em dia, ninguém mais tem educação.”

– “Não prestam atenção em nada”.

– “Não largam o celular.”

– “E aquelas roupas rasgadas, os cabelos coloridos, as tatuagens, os piercings?”.

 

Quantas falas como essas você ouve todos os dias? Algumas, com certeza, com teor preconceituoso, não é mesmo?

CULTURA

Cultura crítica

O conjunto de significados e produções que os grupos humanos foram acumulando ao longo da história, nos diferentes campos do saber e do fazer.

Cultura social

Os valores, as normas, as ideias, as instituições e os comportamentos que dominam os intercâmbios humanos em sociedades formalmente democráticas, regidas por leis de mercado e percorridas e estruturadas pela presença difundida dos meios de comunicação de massa.

Cultura experiencial

A configuração de significados e comportamentos que os alunos elaboram, em sua vida prévia e paralela à escola, mediante as trocas que realizam com os meios familiar e social que rodeiam sua existência.

Cultura acadêmica

A seleção de conteúdos destilados da cultura pública para seu trabalho na escola.

 

Em outras palavras, o conjunto de significados e comportamentos cuja aprendizagem se pretende provocar nas novas gerações por meio da instituição escolar.

 

O Projeto Político Pedagógico de uma escola é um esforço de expressão da sua cultura institucional.

Cultura institucional

O conjunto de significados e comportamentos que a escola detém como instituição social.

ELEMENTOS INVISÍVEIS

Representados pelas bases e pressupostos conceituais que definem seus valores, suas crenças e suas ideologias, constitutivos da missão e do paradigma orientadores da organização.

ELEMENTOS VISÍVEIS

Expressam-se nas manifestações verbais, conceituais, visuais, simbólicas e comportamentais evidenciáveis por meio da observação dedicada do cotidiano escolar, a exemplo do currículo formal, da linguagem, das histórias, da arquitetura, dos uniformes, dos logotipos, dos rituais, dos procedimentos operacionais, das normas acadêmicas, das cerimônias e das estratégias de ensino-aprendizagem e afins.

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